terça-feira, 19 de junho de 2007

Não há-de ser...

Não há-de ser uma pena,
uma ferida,
um descuido,
o que fixe a hora,
o momento preciso,
maneira e duração
da entrada ao lugar donde tudo é nada
e nossa humanidade se torna insuportável...
Não fará falta a urgência,
desejo de transitar,
apertar o passo ao fazer menos ruído,
se nada há-de evitar enfrentarmos a direito,
temendo a chegada que antes nos recusamos
de poder controlar.
Não fará falta ter asas de borboleta
para sentir queimar chegando perto do fogo,
nem existirá loucura que algo justifique;
alargar junto ao tempo a agonia ganhada
é faltar com descaramento ás regras do jogo
e ainda que não o aceitamos...
ou o medo cresça...
...é deixarmos-nos ganhar!

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Só.

Só.
Com uma mão á frente e outra atrás,
desprotegida.
Juntando
os resíduos de sonhos,
renúncias,
esquecimentos.
O rosto,
desencaixado á vista
-inexistente-
pretendeu retomar
ideais passados que ficaram
pequenos,
construindo sobre ar
com um sopro de alento
congelando os medos,
delineando,
medindo.

Só.
Mentindo aos outros.
Flutuando entre espelhismos,
explorando um espaço
que burlou a morte,
que lhe dera razões
para ter
um sonho,
continuar reclamando
o que andou perdendo...
para recomeçar!

Renovar...

Renovar
depois do cansaço,
as figuras ornamentais na palavra
é descolar do pico do minguante
de uma lua de queijo,
a um touro que engrandecido é banhado de prata
e que num lago terra-fogo
lava por demais, os cornos
que meti nas longitudes onde
o diabo tem um ninho abandonado.
Não ficam premícias
onde os cães lambem
ossos de amantes sós
e os beijos retidos permitem
que se sequem os lábios com sabor a areia.
A ousadia se perde pelo que não foi
e retém a espera
num limite imenso
quando se juntam as montanhas e céu.
Mais para lá das paredes transparentes
não há sortilégios
que enamorem ou prevejam
a caída
no precipício-tempo
devorado por ausências
tão claras
que encurtam as distancias
a, onde se tenha que chegar para tentar
perpetuar o parecer.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Mais...

As melodias perdidas
numa aurora descolorada
tornam tudo mais frio,
mais gelado,
mais húmido
mais.
Não terá de existir beleza
nessas palavras-sonho
que adornam e recobrem
este meio espaço-ar
cada vez mais apertado,
mais doloroso, mais só...
as vozes se deformam;
o eco de gritos histéricos,
chega fundo até ali,
onde a alma se refugia.
Tentar deixar o medo
parece ser impossível;
Apagar o tempo as horas
quanto mais nele se escondem.
E se faz mais pequeno,
mais impotente, mais nada
mais...
esse som de notas
que não conseguem fundir-se
em harmonia absoluta
e se perde mais tempo,
espaço, ar, sonho...
na alma há mais frio,
mais névoas, humidade...
mais.