Já não oiço o pulsar apressado do coração…
agora também ele é sossego,
sinto-o, mas num sentir inquieto
do que não podemos por principio ilustrar.
Silêncio… é o preenchimento de todos
os sons de todas as melodias e movimentos.
È o cansaço dos passos soltos pelas ruas…
das palavras caladas que não se dizem…
dos sentimentos mudos que não falamos.
Silêncio, é a promessa que habita,
é distância que invade,
é aquele rosto que na memória da retina,
relembramos durante todo o dia,
sem que nunca lhe possamos sentir a voz.
Silêncio... são os gritos que trago dentro
e que duram amordaçados,
interinamente cansados,
com vontade de partir.
Silêncio... é esta luz solta e desprendida
que teima em dar cor de tons pastel ás paredes traçadas a bege,
que nem com silêncio se alteram.
Silêncio é o passado…
o futuro,
o presente que não contamos.
São rios,
são os mares,
os cais de saudades de pedra…
é o cheiro de alguém que se entranha em nós.
Silêncio são as sombras…
é esta noite assim,
é o vazio dos poetas perdidos que vagueiam por ai…
é um acorde…
mil silêncios...
porque é silêncio todo o silêncio que faço…
pois o “silêncio é este lugar que há dentro de mim”.