terça-feira, 15 de maio de 2007

Sentia...


Sentia que algo apodrecia dentro de mim
Sentia-o a definhar-se
começava a desprezá-lo
Enjoei-me deste sentir triste
dia após dia
O afastar da realidade
a doce solidão que abracei
sentimento podre era o que me restava
morria á fome enterrada em mim
e depois era de dentro que apodrecia
murchava com ele o meu coração
batia quase frio
batia fraco contra a pedra que o rodeava
erguia-se uma muralha
ainda maior que a grande
Tinha feito do meu peito um túmulo
Do meu ser a última morada
Sentia o peso do defunto
cravar-se em mim
levava-me lentamente ao fundo
no prazer mórbido de não viver
Noite após noite
Eram cada vez menos lágrimas
Sol após sol era cada vez menos vontade
Lua após lua a dor que se cravava
E apodrecia o coração ainda vivo.