terça-feira, 31 de julho de 2007

Amanheceu...


Amanheceu e estava

repetindo sonhos,

doendo-me inevitavelmente,

chorando mortos de nada.

Entretanto de frente,

em ruidosas caravanas

desfilam alegres,

celebrando que morra,

bailando o que não quero

e cantando... cantando!

A sua mísera canção

me chamam, me convidam,

me tentam, me convidando...

calada, os observo

revivendo os anos,

assumindo o amor

como engano,

chorando os mortos de ninguém.

Amanheceu e ali continuo...

escutando de outros os cantos.

Então o amor...

Então o amor não diz nada
de um pasivo ser que nega tudo
ante a força imortal que o avasala,
o posede, o domina e lhe dá vida...
E será igualmente insuficiente
dar gritos de agonia ante a lua
que contempla indiferente a maresia
para não fazer caso da sua sorte.
È dor manter-se a flutuar em lodo
_uma espera que nunca termina_
e começar desarmado uma batalha
é tomar como um jogo de bola.
Então o amor não diz nada,
nem a promessa viva é aliciante...
seria comodo deixar de lado tudo,
se é que o tédio tornámos sorte,
renunciando ao valor de ser valentes.

Chegará...

Imperceptiva essência
Chegará aos cantos onde a luz não alcança,
no toque entre peças que sem pressa se rendem
cada ponto branco perderá sua pureza
ao empurrar subtil de uma mão que, sabida,
derruba resistências...
desviando tremores, caminhando veredas
e unindo seus pedaços.
Irá vencendo rectas nas altas montanhas
até atingir mais longe...
ao abismo suaviza de mel e ambrósia
que no seu escuro mistério há-de tragar os naipes
de um jogo que termina cavalgando entre as asas
de um cansado Pégaso...

Vida...

E segue rodando as nuas ramas
o mistério: necessário medo
envolto em vibrante silvos
que vestem o vento de negro e cobre os céus,
entristece flores, com sonhos forçados
pétalas se fecham. Pela ausência de luz oculta,
a formosura adquire novos afiliados
amantes
idolatras
fanáticos...
perseguidores loucos
sonhadores tristes
e se enche de esperas
para estar presentes como paladinos
no justo momento
de que se despega o medo e ressurja,
desde o silvo do escuro vento
a luz que os salva do eterno fogo.