quarta-feira, 9 de julho de 2008

PORQUE SOU UMA BRUXA


Sou uma bruxa porque sempre que abro os olhos ao despertar, me emociono por mais um dia para viver, livre e comprometida com as coisas e as causas da Grande Mãe. Neste momento procuro reflectir a respeito dos tantos dias que nos foram tirados, por inveja, injúria e cobiça e peço luz e força á Deusa Mãe para o dia de hoje.

Sou uma bruxa porque ao abrir as janelas e respirar o ar da manhã, agradeço á Deusa pelo dom da vida, e celebro o pai ar pela sua presença em mim.

Sou uma bruxa porque, ao me alimentar, celebro aquele bendito alimento e bendigo todos aqueles que contribuíram com seu trabalho para que o mesmo chegasse à minha mesa.

Sou uma bruxa porque, sempre de alguma forma, renasce o amor em mim, e minha alma agradecida transmite luz.

Sou uma bruxa porque sempre me envolvo e me comprometo a serviço da justiça e da paz no mundo.

Sou uma bruxa porque estou sempre insistindo em abrir as portas do meu coração para transmitir os ensinamentos dos antigos e facilitar o despertar da grande arte nos corações dos que me cercam.

Sou uma bruxa porque estou sempre acendendo um fósforo sem maldizer a escuridão.

Sou uma bruxa porque busco a verdade sem jamais me conformar com a mentira e o subterfúgio.

Sou uma bruxa sempre que renuncio ao egoísmo e procuro ser generosa.

Sou uma bruxa quando sorrio para alguém, mesmo estando muito cansada, pois conheço o valor do sorriso.

Sou uma bruxa quando preparo um chá que vai curar, ou pelo menos amenizar a enxaqueca daquela vizinha chata.

Sou uma bruxa quando tomo um animal em meu colo para lhe amenizar a dor. Quando planto e colho uma erva e agradeço a Gaia por tamanha dádiva.

Sou uma bruxa quando persigo a luz de uma estrela com o olhar e o coração nas trevas que nos circundam. Quando levo a fé nos Deuses por entre linhas, apenas com minhas acções.

Sou uma bruxa quando em rijo, sinto o rio do sangue da vida que escoa nas minhas entranhas. Quando sou fogo que estimula o coito, e água que transforma e modifica cursos.

Sou uma bruxa porque me aconchego no seio sagrado da terra, voltando ao colo sagrado. Quando abro o circulo invocando os ventos do norte, buscando no canal dos antigos o néctar do renascer.

Sou uma bruxa porque, quando falo em liberdade, me sinto águia. Quando falo de sabedoria, me sinto coruja, e, quando falo do belo, me sinto arara.

Sou uma bruxa porque estou sempre atenta ao perfume, que não posso derramar no próximo sem que também me atinja e a lei tríplice se faz em mim.

Sou uma bruxa quando vivencio o sabor do pão partilhado. Quando procuro pedir perdão e recomeçar.

Sou uma bruxa quando me recolho ao silêncio perante um julgamento preconceituoso ou injusto a meu respeito, entrego ao tempo. Único pólo óptico da verdade imutável.

Sou bruxa quando desenvolvo em meu ser a humildade de viver e morrer como o grão de trigo, para depois frutificar searas de luz, de tenacidade e esplendor.

Sou uma bruxa porque estou sempre ressurgindo das cinzas como Fénix. E assim, retomar a minha vivência concreta, cujo itinerário principal é a minha Deusa interior, forte, guerreira, translúcida, serena e amorosa a despertar em mim.

"Por tudo isso, sou uma bruxa!"

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Para...

Para alcançar o que sonhaste
levantaste torres,
construiste muros,
enterraste ferros,
arrancaste flora,
cobriste riachos,
recuaste mares,
quebraste pedras...
envenenaste fauna,
compraste consciencias,
enganaste almas,
mataste tua esposa calando a sua voz.
Subtil,
a mentira de te fazeres maior te fez
mesquinho,
rasteiro,
cobarde.
Quando o desaforo de quereres tudo
sem mereceres nada,
não houveram palpitações debaixo das tuas mãos,
acreditavas vencidas as primeiras metas
e inventaste outras e então...
Te pensaste um deus!
Foi quando de frente a essa incontrolável
força universal que substimaste,
néscio, continuaste com a vil intenção
de agarrar os ventos com os teus braços,
surgio do centro da mesma terra
o feroz rugido de fogo estendido
decidido então a purificala
e das profundidades do mar conquistado
levantaram-se ondas para te recordar
que o fim do mundo
não tinhas chegado.
Procuraste,
inventaste,
acreditaste criar,
roubaste,
comparaste...
e deste voltas constantes e eterna
sao cerco constante que te escraviza.
Não descubriste o principiodas tuas razões,
nem deste espaço á intenção justa
de te oferecer tempo.
Submeteste toda a tua vida
ao engano inútil da vil conquista,
sem tomar em conta que entre as razões
que sempre procuraste
para te impôres á própria justiça,
não te existe nem em sonhos
a ideia da mudança á mais importante:
Deixares o mote de CONQUISTADOR,
pelo verdadeiro, que é...
CONQUISTADO!

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Amanhã...

Amanhã,
Quando medires consequências
E encontres as culpas escondidas;
Entenderás as guerras ignoradas,
Esclarecidas de vez na tua vida.
Amanhã,
Quando mudares as perspectivas,
Quando o pior tiver passado;
Encontrarás os sonhos destruídos,
E chorarás querendo reconstrui-los.
Amanhã,
Quando olhares as folhas do diário
Verás que há algumas que não escreveste;
Encontrarás respostas ás dores
E sentirás o profundo dano que fizeste.
Amanhã,
Quando vejas os sulcos no teu rosto
Recordações do que deixou o passado;
Encontrarás a terra, seca pelo descuido,
Queixosa e ressentida porque nunca a semeaste.
Amanhã,
Quando tentares moldar a tua arrogância
E notes que a argila se tornou pedra;
Encontrarás as tuas mãos tão cheias de vazios,
Te negarão a vida por não a ter honrado.
Amanhã,
Assumindo talvez a história,
Da morte terrível que tu próprio escreveste;
Chegarás a meu lado cabisbaixo e dorido,
De nada arrependido
E como sempre,
Inconsciente!

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Não me fales...

Não me fales de amanhã...
Amanhã é uma ilusão,
sombra convertida em razão de viver...
Espera sem sentido.
Não me fales de amanhã
como quem pede futuros.
Não me fales das coisas que pensas,
pensar detém;
construir é o que temos para ter.
Não me fales de amanhã sem muros
se o teu hoje se limita por grades de ontem.
Não me fales de amanhã arrastando
arrependimentos,
Ódios,
rancores...
Não evolui quem arrasta passados,
Aceita,
abandona
e desfaz história sem deixar de ser.
Não me fales de amanhã,
não tenho nenhum.
Meu amanhã é o momento,
agora
ainda posso.
Amanhã é aventura aceitar o resto
como chega, ignorando a dor
obrigando a vontade a permitir-me.
Meu amanhã está em meus filhos,
que não têm hoje, o ontem... foi.
Meu amanhã está em conseguir
que caiam as muralhas
que fazem difícil esta luta
de meus sentidos
para fazer com que o meu corpo responda...
Descubro com dor
que a muralha mais alta és tu.
Meu amanhã chegará
quando terminar o começado,
retire do armário velho
os farrapos do vestido da decepção
que alguma vez me serviu.
Quando tiver recolhido
os frutos de uma macieira
regada com sangue e lágrimas.
Meu amanhã chegará
quando me abrace a mim mesma
e desde o fundo do meu coração
me perdoe
e te perdoe.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Consciencialização...

Se olhas o espaço que delineia o teu contorno
só verás as coisas que estão todos os dias.
As paredes que têm as janelas tão quietas
que nunca tentaram mudar-se de lugar,
e as portas iguais, com as mesmas almofadas,
que abrem sobre o mesmo lado com o mesmo barulho
de humidade que amolece o metal já corroído.
Os cantos gastos pelo tempo se enchem
de manchas de fluidos atirados da cama
e as cortinas que nunca se movem por si mesmas.
Sempre se vê o mesmo nas coisas queridas
e a ilusão ingénua de encontrar algo novo,
nos embrutece o juízo, nos tira a energia...
E para completar está esse velho espelho
que repete a imagem deprimente de tudo
o que sempre se encontra, ainda que o procuremos.
Consciencializarmos-nos do jogo do reflexo constante
de que fizemos uma vida que morre
rotineira e perdida, é assumir que somos
tão donos como escravos do que construímos,
Ganhámos ou perdemos
O circulo viciosos de herdar as ideias
limitou os espaços ao seu real crescimento
e cada novo homem parece cruel reflexo da pior qualidade
e o espaço tão cheio que conforma o contorno,
finalmente resulta nessa jaula oxidada vestida de castelo
que guarda na mesma as coisas queridas
que já não nos serve
me tentando esconder as nossas realidades
constantemente erramos procurando as respostas
onde não encontraremos jamais uma verdade.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Ai...

Persegue-me e apanha-me...
No jogo do teu amor fecha-me
e com toda a tua potencia toma-me.
Toca-me,
acaricia-me,
aperta-me,
beija-me.
Em arranque de paixão,
chupa-me,
morde-me...
Não detenhas os teus impulsos por juízo nem calma,
porque é o teu lado animal quem me possui.
Depois...
hás-de morrer como culpado,
como inútil escravo do instinto,
que sucumbe ao desejo de ter-me,
...mais não chega jamais perto da minha alma.
Então apodrece,
morre,
sofre...
E com lágrimas de sangue...
Chora-me!